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20.7.09

 

A Rota de Ribeirão Preto

Em muitas cidades do Brasil existem eventos que acabam por se elevar ao patamar das tradições. Fiquei sabendo de uma dessas transmutações que em 2010 completará 10 anos de ininterrupta execução. O cenário: bares de Ribeirão Preto (SP). Os seguidores da tradição, cabida e carinhosamente batizada de A Rota, começam o encontro num bar chamado Pingüim e seguem até a outra extremidade geográfica, que se torna uma peregrinação alcoólica, um outro bar também chamado Pingüim.
Agora, o caro leitor pergunta-me: Oriunda de que mente insana surge uma tradição dessas? Eu respondo: Por Ribeirão Preto passou um estudante chamado Gustavo, infinitamente mais conhecido por "Lagartixa" cujo radical "Laga" é ainda mais difundido entre seus amigos (a redação - eu merrrma - não conseguiu a origem do apelido). Laga era muito popular entre a jovem e pueril formação escolar da então Ribeirão Preto de 2001, quando cursava o colegial. Ele era muito querido pela "galééééra". Veja logo abaixo uma imagem do Laga na primeiro evento. Dica: Não é o oriental.

Então, seus súditos, fãs, amigos e amigos de amigos de amigos resolveram realizar qualquer desejo de Laga, tão querida figura que completava mais um ano de vida no dia 26 de julho de 2001. Aí é que temos a fase embrionária da futura tradição: O pedido de Laga foi fazer uma peregrinação de um bar Pingüim até o outro bar Pingüim. Quilômetros de distância entre um e outro. Até aí tudo bem. O detalhe sórdido que Laga tinha em mente, era que os convidados teriam que passar (o que significava encher a cara) por absolutamente todos os bares que existissem entre os dois Pingüins. Veja a foto do itinerário no verso da camiseta de um dos peregrinos de A Rota. Pelo que se estima, são cerca de vinte e cinco estabelecimentos. O evento que transmutou-se em tradição de Ribeirão Preto, hoje conta com mais de cem peregrinos que vão a pé de um boteco ao outro e já conta com a presença cativa de um irlandês chamado Bryan que comparece anualmente para comemorar o aniversário de Laga, que ele sequer conheceu.

Todos os anos um designer desenvolve um belíssimo abadá do evento que para ser cumprido, começa durante o dia e arrasta-se durante toda madrugada. Poucos resistem até o fim. Quem bebe demais, senta no chão e evoca Hugo ou é caridosamente carregado por um amigo solidário e tão bêbado quanto. Os mais tolerantes ao álcool voltam a pé para casa, dormem em casa de amigos, pegam taxi ou acordam com um cachorro lambendo a boca. Coisa fina!Transes acontecem nestas peregrinações, mas ninguém entende o porquê. A galera tira foto com cones de rua como se fossem a Ana Paula Arósio, homem tenta beijar homem, outro tenta beijar na boca um boneco de papagaio plástico, o efeito poltergeist atua em cadeiras que simplesmente caem para trás e derrubam os participantes... Enfim, coisas que nem padre Quevedo seria capaz de explicar. Mas o fato é que Lagartixa, mentor da tradição, simplesmente sumiu de Ribeirão Preto. O descarado e amado habitante desta localidade foi embora para São Paulo e não voltou mais. Nada sabe-se sobre seu destino. Mas seu aniversário é comemorado todo ano pelo povo de Ribeirão Preto, Irlanda, por pessoas que sequer o conheceram, mesmo sem a presença de Lagartixa. Afinal, beber com ou sem Lagartixa, dá na mesma: Ressaca e muita história doida para contar!

* Se na sua cidade acontece um evento-tradição engraçado, absurdo ou inexplicável, mande um e-mail contando a história para esta cartunista que vos escreve. Merecendo, posto a nova e útil cultura de sua cidade neste digno e sério espaço cibernético.

Pryscila - Diretamente de sua redação filial de Ribeirão Preto. Colaborador-diretor: Jr. Dib. pryvieira@yahoo.com.br


Comments:
Bryan ensinou um pouco de gaélico?
 
Nanael, ele é irlândes e não Galês. Mas eu perguntei a ele quando ele veio e ele não sabia falar nada a não ser uma frase de xingamento aos ingleses, sempre mostrando dois dedos.
 
Ribeirão Preto ROX!
 
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